domingo, 26 de fevereiro de 2012

Disciplina CJE5198-1
As Formas Digitais da Opinião Pública
Unidade: Escola de Comunicações e Artes
Número de vagas:
Alunos regularesAlunos especiaisTotal
30737
Data inicial: 12/03/2012
Data final: 29/06/2012
Número de créditos: 7
Área de Concentração: 27152
Docente Ministrante
Marco Toledo de Assis Bastos
Horário / Local:
Quinta14:30 - 17:30ECA

Carga Horária:

Teórica

(por semana)

Prática

(por semana)

Estudos

(por semana)

DuraçãoTotal
22315 semanas105 horas


Objetivos:

1. Compreender o contexto histórico de emergência da opinião pública e as mudanças impostas pela reformulação da esfera pública; 2. Descrever os componentes da esfera pública contemporânea em função de um contínuo atmosférico ou de uma matriz de media; 3. Examinar os conceitos tradicionalmente vinculados à opinião pública (gatekeeper, formador de opinião, audiência, etc.) no panorama mediático digital.

Justificativa:

A disciplina percorrerá a história do conceito de opinião pública no contexto de sua emergência até sua conformação contemporânea nas redes digitais. A opinião pública, tema transversal ao jornalismo e aos estudos de comunicação, se encontra na intersecção de questões comunicacionais sobre os mecanismos de formação de opinião; sobre as forças de formação de consensos e dissensos; sobre a mecânica do poder; sobre padrões de difusão de informação e sobre a função social do jornalismo. A questão da opinião pública aparece na modernidade como uma força abstrata que nenhuma constituição nacional prevê ou regula, mas cuja expressão garante legitimidade às democracias ocidentais.

Conteúdo:

A disciplina visitará as teorias sobre a opinião pública e examinará as modificações estruturais do conceito e de seus componentes. Essa trajetória começa no século XVIII, com a conformação de uma esfera pública, e segue até o século XXI, com a emergência das redes sociais. O conceito de opinião pública é revisitado no debate alemão com Habermas (1984) e Luhmann (2005); no debate francês com Tarde (1992) e Sauvy (1977) e no debate americano com Lazarsfeld (1972) e Lippmann (1961), escolas que definem a opinião pública como: 1. produto da mudança estrutural na esfera pública; 2. produto da escrita não relacionado com a opinião de indivíduos, mas com certo consenso social acerca de determinado assunto; 3. agregado empírico de opiniões, idéias e compromissos políticos dentro da população adulta; 4. complexo orgânico de opiniões que retrata o poder invisível do visível; 5. princípio abstrato de onde as ações políticas se originam. A reconstrução dessa trajetória tem por finalidade reforçar os pontos de inflexão do conceito, sugerindo uma reformulação de seus componentes e do arranjo comunicacional da esfera pública. Além disso, a retomada do conceito permitirá uma análise da ecologia digital dos media e uma descrição do contínuo atmosférico ou matriz de media. Essa reformulação da esfera pública fornecerá elementos para a análise das redes digitais, tais como a blogosfera ou a plataforma Twitter, sistemas de emergência de opiniões criadas por usuários, organizações de media e governos nacionais. A disciplina apresentará ferramentas para análise de dados das redes sociais, de modo a permitir uma análise sistemática das condições para que uma mensagem se torne “viral” ou uma palavra chave (hashtag) desencadeie um trending topic. A relação entre esse modelo distributivo, que contrasta com o mundo das salas de redação ou das universidades, será discutida em contraste com o conceito de opinião pública consolidado no pós-guerra. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 1. A decadência da aristocracia e a ascensão do espaço público 2. A formação de um espaço simbólico reconhecido como público 3. O desvanecimento dos públicos e a ascensão da massa 4. Os media digitais e a reformulação da esfera pública 5. A implosão da dicotomia entre comunicação de massa e interpessoal 6. A reformulação dos “gatekeepers” e dos “gateways” 7. Os “clusters” da internet e a novas formas de opinião pública METODOLOGIA Aula expositiva e dialogada com recursos multimídia

Bibliografia de apoio:

BARABÁSI, A.-L.; ALBERT, R. Emergence of Scaling in Random Networks. Science, v. 286, n. 5439, p. 509-512, October 15, 1999 1999. Disponível em: < http://www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/286/5439/509 >.
BENHABIB, S. Models of Public Space, Habermas and the Public Sphere. Cambridge: MIT press, 1992.
CISCO. Understanding H.323 Gatekeepers. 5244. CISCO SYSTEMS, I. 2006.
CUTLER, F. Jeremy Bentham and the Public Opinion Tribunal. The Public Opinion Quarterly, v. 63, n. 3, p. 321-346, 1999. Disponível em: < ttp://www.jstor.org/stable/2991711 >.
DEUZE, M. Understanding the Impact of the Internet: On New Media Professionalism, Mindsets and Buzzwords. EJournalist, v. 1, n. 1, 2001.
FINNEMANN, N. O. The Internet: A New Communicational Infrastructure. Papers from Centre for Internet Research (CFI) 2001.
HABERMAS, J. Strukturwandel der Öffentlichkeit: Untersuchungen zu einer Kategorie der bürgerlichen Gesellschaft. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1991.
______. Mudança estrutural da esfera pública. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.
HOWE, J. The Rise of Crowdsourcing. Wired Magazine. 14 2006.
LAZARSFELD, P. A Opinião Pública e a Tradição Clássica. IN: STEINBERG, C. Meios de Comunicação de Massa. São Paulo: Cultrix, 1970.
LEMERT, J. B. Does mass communication change public opinion after all? : a new approach to effects analysis. Chicago: Nelson-Hall, 1981.
LEWIN, K. Frontiers in Group Dynamics. Human Relations, v. 1, n. 2, 1947.
LIPPMANN, W. Public opinion. New York: Macmillan, 1961.
LUHMANN, N. Soziologische Aufklärung 5: Konstruktivistische Perspektiven. Opladen: Westdt. Verl., 1990.
______. Die Gesellschaft der Gesellschaft. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1997.
______. A realidade dos meios de comunicação. São Paulo: Paulus, 2005.
MARESCH, R., Ed. Kommunikation, Medien, Macht. Frankfurt am Main: Suhrkamp, p.450ed. 1999.
NÖELLE-NEUMMAN, E. The Spiral of Silence: Public Opinion – Our Social Skin. Chicago: The University of Chicago Press, 1981.
PRICE, V. Public Opinion. London: Sage Publications, 1992.
R DEVELOPMENT CORE TEAM, 'R: A language and environment for statistical computing.', in R Foundation for Statistical Computing (ed.). Vienna, 2009.
SAUVY, A. L’Opinion Public. Paris: PUF, 1977.
SHANK, G. Abductive multiloguing: the semiotic dynamics of navigating the net. The Arachnet Electronic Journal on Virtual Culture, n. 1, 03/22/1993 1993. ISSN 1068-5723. Disponível em: http://www.ibiblio.org/pub/academic/communications/papers/ejvc/SHANK.V1N1.
SPEIER, H. O desenvolvimento histórico da opinião pública. In: STEINBERG, C. Meios de Comunicação de Massa. São Paulo: Cultrix, 1970.
TARDE, G. A Opinião e as Massas. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
TOCQUEVILLE, A. A Democracia na América. São Paulo: Edusp, 1977.
TÖNNIES, F. Kritik der öffentlichen Meinung. Berlin: Springer, 1922. 583
WHITE, D. M. People, Society and Mass Communications. London: Collier-Macmillan, 1964.

2 comentários:

  1. Prof Parabéns!!! Adorei a sua organização e transparência. Estarei presente e acompanhando!

    ResponderExcluir
  2. A ideia é utilizarmos o blogger para inserir textos e comentários que sejam relevantes para o debate. Também vou criar uma pasta no Dropbox para os textos. Nos vemos na próxima semana.

    ResponderExcluir